Banda Assis e a Flor de Lótus lança novo clipe nesta quarta-feira

A banda Assis e a Flor de Lótus acaba de lançar nesta quarta-feira (19) o seu mais novo videoclipe “Pé Vermei”, uma produção que une música, ancestralidade e crítica social, reafirmando a identidade do povo do norte do Paraná — os chamados “pés vermei”, por conta da pigmentação avermelhada que contém na terra fértil da região.

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A canção, composta por Giovane de Assis e arranjada coletivamente pela banda, traz participação especial de Camila Taari (Londrina, Paraná) nos vocais, com captação realizada no Arte Pro Artista (Londrina, Paraná), sob assistência técnica de Lucas Imagina (Londrina, Paraná).

A cozinha (bateria e baixo) foi gravada no Estúdio Lado B (Londrina, Paraná), com Leslie Wojszak e Bruno Felipeto, enquanto os demais instrumentos foram registrados de forma remota, com assistência técnica de Eder Maximiano (saxofone e flautas), Dedé Almeida (guitarras) e Gabriel Pimentel e Lucas Andrez (violões). A mixagem e masterização também ficaram a cargo de Eder Maximiano. Todos os membros são residentes do Vale do Ivaí, moradores de Apucarana, Londrina e Campo Mourão.

O trabalho audiovisual, produzido em 2025 como contrapartida complementar ao projeto contemplado pela Lei Paulo Gustavo (2024) no edital municipal executado em Apucarana (PR), será lançado pelo Selo Alá Comunicação liderado por Jorginho Velloso (BA). A obra integra a continuidade do percurso artístico da banda, que completa 11 anos de trajetória, marcada pela coerência estética, independência criativa e um constante diálogo entre arte, filosofia e território.

Com roteiro e direção de Giovane de Assis e Thiago Luiz, o videoclipe foi gravado em Apucarana (PR) e conta com a participação de uma família da Comunidade Kaingang Água Branca, localizada próxima a Tamarana (PR). A escolha reafirma a ligação com a história da cidade de origem da banda, cujo nome Apucarana, em Kaingang significa “floresta imensa” ou “base da floresta grande”, considerando ainda que os kaingang são um dos povos originários da região.

O gesto simbólico de trazer o povo Kaingang como protagonistas resgata a ligação entre terra, memória e resistência, funcionando como uma resposta poética e política à exploração ambiental e ao apagamento das origens.

Uma canção de resistência “Onde a terra é fértil, eles gostam é de mata! Nóis gosta da mata e eles gosta é de mata!”

O refrão sintetiza o tom de “Pé Vermei”, uma canção que se ergue como grito de resistência frente à violência ambiental e territorial praticada por grileiros, garimpeiros e grandes fazendeiros, contrapondo o extrativismo predatório à relação comunitária e espiritual com a terra.

A música nasce como uma narrativa do norte paranaense, mas reverbera em todo o Brasil ao tratar do embate entre campo e capital, vida e lucro, pertencimento e exploração.

Enraizada na sonoridade híbrida que caracteriza a trajetória da banda Assis e a Flor de Lótus, “Pé Vermei” incorpora o ritmo do maracatu, evocando a influência de Nação Zumbi que a banda carrega. Essa escolha musical carrega um simbolismo profundo: vinda de uma banda paranaense, a batida de origem nordestina torna-se uma ponte entre Sul e Nordeste, um gesto de irmandade e reconhecimento das raízes plurais que formam o Brasil.

Ao mesclar o maracatu nordestino à identidade pé-vermelha do norte do Paraná, a banda faz uma declaração poética e política: a arte é território de encontro, não de separação. A canção rompe fronteiras simbólicas e culturais, desafiando o preconceito e a xenofobia ainda presentes no imaginário sulista, ao mesmo tempo em que celebra a potência do diálogo entre os povos e regiões; celebrando ainda as raízes pernambucanas da parte da família paterna do vocalista Giovane de Assis.

A banda “Assis e a Flor de Lótus”

Fundada em 2014, a banda Assis e a Flor de Lótus é uma das poucas formações autorais nascidas em Apucarana (PR) que mantém uma trajetória constante e colaborativa há mais de uma década.

O grupo se destaca pela sonoridade híbrida, transitando livremente entre MPB, rock progressivo, reggae, soul, jazz e rap, em uma abordagem tropicalista e libertária.

Em suas letras, aborda temas como identidade, pertencimento, meio ambiente e crítica social, mantendo um diálogo entre a tradição e a invenção.