O diretor-geral do movimento Diversidade Cultural Plural de Apucarana (PR), Carlos Figueiredo, recebeu a Comenda Dom Filó, em reconhecimento ao sue trabalho voltado à defesa dos direitos da população negra. A honraria foi concedida pelo Instituto Afro-Indígena, na última terça-feira (13), durante cerimônia no Teatro do Sesc da Esquina, em Curitiba.
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Figueiredo tem uma longa trajetória marcada pelo compromisso profundo com a promoção da conscientização negra e o combate às desigualdades raciais, dedicando 25 anos a essa causa. Ele passou 22 anos a frente do Movimento de Consciência Negra (Macone), e está há três anos trabalhando como diretor na Diversidade Cultural Plural. Já ocupou o cargo de Vice-coordenador da Pastoral Afro Diocesana e tem experiência como presidente do Conselho da Igualdade Racial, posição que ocupou por oito anos.

Atualmente, o ativista faz parte das pastorais sociais da Diocese de Apucarana, onde continua a defender questões relacionadas à igualdade racial e ao empoderamento da comunidade negra. Ao receber a homenagem, ele expressou profunda emoção, refletindo sobre a importância da luta do povo preto no Brasil.
"Quando recebi o convite para ser homenageado, passou um filme na minha cabeça e pensei na importância do povo preto que derramou sangue nesse país. Do povo preto que foi escravizado, e que até hoje sofre preconceito, discriminação e racismo. Porque essas mazelas continuam. Ainda há muito chão para percorrer diante da nossa luta e das nossas articulações políticas e ações afirmativas, diante da mensagem que a gente pretende levar."
A comenda Dom Filó, recebida por Carlos Figueiredo, é um reconhecimento importante não apenas para ele, mas também para a comunidade negra de Apucarana. Asfilófio de Oliveira Filho, conhecido nacionalmente como Dom Filó, é uma figura destacada na valorização da cultura negra no Brasil, conhecido por seu trabalho como produtor cultural, documentarista e jornalista. Ele também é o fundador da Cultne, o maior acervo audiovisual negro da América Latina.
Essa comenda, que leva o nome de Dom Filó, simboliza a importância de seu legado e a relevância do trabalho que ele desenvolveu ao longo dos anos. Para Carlos Figueiredo, essa homenagem não é apenas um reconhecimento pessoal, mas também uma oportunidade de abrir portas para outros ativistas de Apucarana, destacando o trabalho que vem sendo realizado na região.
"A valorização da cultura negra e a luta contra o racismo são temas fundamentais no Brasil, e a Comenda Asfilófio de Oliveira Filho serve como um lembrete da importância de reconhecer e celebrar aqueles que contribuem para essa causa", assinala Figueiredo.
Leia abaixo, nota publicada pelo ativista nas redes sociais:
13 DE MAIO: LIBERTAÇÃO OU PONTO DE PARTIDA?
Libertação dos Escravizados: Mito ou Realidade?
* As datas históricas que o Brasil carrega em sua memória nos convidam a uma profunda reflexão, especialmente ao lembrarmos que, mesmo após
137 anos da chamada abolição, ainda temos muito a conquistar.
* Nossa história é antiga e marcada por lutas. Existe um legado e uma dívida social que só poderão ser reparados por meio de políticas de ações afirmativas.
* O Brasil ainda está longe de ser o país que sonhamos. Nossa luta é diária e caminha em direção à verdadeira abolição.
* Assumir a Negritude é um ato de coragem e resistência.
* Precisamos fortalecer a defesa da nossa história e valorizar um povo tradicional e culturalmente rico, que foi brutalmente sequestrado da Africa — reis e rainhas tratados como mercadorias, sem reconhecimento ou respeito.
* Hoje, seguimos na luta para reverter as injustiças sociais que ainda persistem.
* Vivemos em um país estruturalmente racista, e é urgente enfrentarmos essa realidade de forma séria e contínua.
* Cultivar a consciência negra é reconhecer a importância da cultura negra na sociedade e valorizar a trajetória de resistência e superação de tantos homens e mulheres pretos.
* Como afirmou Martin Luther King: "A compreensão superficial das pessoas de boa vontade é mais prejudicial do que a incompreensão das pessoas de má vontade.»
* E, seguindo o exemplo de Nelson Mandela: "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da pele, sua origem ou sua religião. As pessoas aprendem a odiar, e se podem aprender a odiar, também podem ser ensinadas a amar. O amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto."

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