As fontes de energia renováveis estão ganhando cada vez mais destaque. De acordo com a Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena), o Brasil se tornou o 8º maior gerador de energia solar do mundo em 2023. Conquistando um espaço de importância desde 2019, a energia fotovoltaica deixou de ser um investimento quase que exclusivamente residencial e está migrando para as unidades produtivas rurais paranaenses.
A energia solar está sendo procurada por produtores rurais por trazer alternativas mais limpas e econômicas para atender às necessidades energéticas. Conforme dados disponibilizados pela Companhia Paranaense de Energia (Copel), o Estado registra um total de 206.638 instalações solares em 2024, em contrapartida de apenas 5.131 plantas em 2019. O número atual representa um aumento de 2.882,07 MW (megawatt) no período.
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Em Apucarana (PR), o número de instalações também apresentou crescimento. Ainda de acordo com a Copel, 1.724 novas plantas foram instaladas na cidade nos últimos cinco anos. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Apucarana, Geraldo Maronezi, os técnicos que atuam na cidade notaram um aumento de 30% nas instalações na região rural apenas entre 2023 e o início deste ano. Maronezi aponta que as placas solares estão sendo uma alternativa adotada principalmente por produtores rurais que atuam com granjas e olericultura. “Essa é uma nova atividade que os produtores estão investindo até para ter mais uma renda”, diz.
Mauro Eugênio Martins, proprietário de uma empresa do ramo solar de Apucarana, reforça a iniciativa e explica que a energia solar se tornou uma “oportunidade de investimento”. “Estão sendo necessárias áreas maiores para fazer a instalação dos painéis e o mercado energético buscou o agronegócio para essa parceria. Então os agricultores começaram a construir usinas não só para o consumo, mas também para a venda de energia”, detalha o empresário.
Para ele, o investimento fotovoltaico pode ser uma alternativa mais lucrativa para o produtor rural. “Há comparativos de que em uma área de mil metros quadrados, se o agricultor plantar soja ou milho, ele colhe determinado valor em reais. Mas ‘plantando’ painéis solares nessa mesma área, ele pode chegar a faturar de 30 a 35 vezes mais”, exemplifica Martins.
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Um exemplo em Apucarana é a tradicional família Massayoshi Suguiura, proprietária do pesqueiro que leva o mesmo nome. Procurando diversificar as atividades na propriedade rural, eles arredaram um terreno de 7 hectares para um grupo de empresários de Londrina do ramo solar. “Entendemos que para uma propriedade pequena devemos diversificar, pois a cultura de soja e milho só é viável para grandes áreas. O motivo de arrendar para uma usina de placas fotovoltaicas é que eles pagam o arrendamento por mês. Isso ajuda muito na nossa atividade, pois temos uma renda mensal, diferente de outras atividades, onde a renda é sazonal e altamente dependente do clima”, conta Edson Massayoshi Suguiura.
Além da oportunidade de maior faturamento, a energia fotovoltaica continua sendo essencial para os produtores rurais por conta da redução de custos, sustentabilidade e valorização do imóvel. A agricultora de Apucarana, Marli da Silva Lichtenco, instalou 11 placas solares em sua propriedade, localizada na estrada Sebastião Piassa. Em entrevista ao TNOnline, ela relatou que a ideia surgiu a partir de conversas com outros agricultores, que pontuaram o quanto o investimento compensava. “Minha propriedade estava consumindo muita energia. A conta vinha em torno de R$ 600 a R$ 700 por mês. Hoje em dia, não passa dos R$ 25”, contou.
Colocadas há dois anos e quatro meses, as placas solares já estão completamente pagas e resultaram apenas em bons resultados para a apucaranense, que já teve o prazer de receber algumas das faturas de energia zeradas. “As placas foram colocadas em cima do telhado de uma edícula, então não cheguei a perder parte do terreno. Mas mesmo se tivesse colocado no chão, com certeza, compensaria”, frisa a agricultora, que explicou ainda que a energia é usada para consumo próprio, manutenção de maquinário e também em uma confecção de camisetas.
Maronezi reforça que, assim como Marli fez em sua propriedade, a adoção da opção energética sustentável é uma opção para todos os agricultores. "Essa atividade não precisa de uma área grande para instalação, então o produtor pode usar uma área que não está sendo aproveitada”. O presidente do Sindicato Rural finaliza afirmando que a energia solar “é muito importante para a região e para o meio ambiente, pois é uma produção de energia limpa”.
Apesar do alto investimento inicial, a energia fotovoltaica traz um retorno satisfatório para aqueles que decidem utilizá-la. Para os produtores rurais de Apucarana e região, investir no ramo solar é fugir do tradicional e aderir a uma inovação que garante “plantar energia” para “colher lucro”.
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