Leia a última edição
--°C | Apucarana
Euro
--
Dólar
--

Apucarana

publicidade
LEGÍTIMA DEFESA DA HONRA

Advogado do PR de caso de repercussão nacional contesta decisão do STF

João Batista Cardoso, de Apucarana (PR), foi último advogado a obter dois votos favoráveis no STJ utilizando a tese legítima defesa da honra; relembre

Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no WhatsApp Compartilhar no Telegram
Siga-nos Seguir no Google News
Grupos do WhatsApp

Receba notícias no seu Whatsapp Participe dos grupos do TNOnline

Advogado do PR de caso de repercussão nacional contesta decisão do STF
Autor João Batista Cardoso é advogado criminalista há 42 anos em Apucarana - Foto: TNOnline

Último advogado a conseguir votos favoráveis em instâncias superiores utilizando a tese da legítima defesa da honra, o advogado João Batista Cardoso, de Apucarana, no Norte do Paraná, contesta a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou inconstitucional, nesta terça-feira (1º), o argumento largamente utilizado por várias décadas em julgamentos por defensores de homens acusados de homicídios de mulheres, hoje tipificados como feminicídios. Segundo ele, o entendimento da Corte prejudica a "ampla defesa" dos réus prevista na Constituição.

Ao analisar pedido apresentado pelo PDT, os ministros firmaram, por unanimidade, entendimento de que o uso da tese, nessas situações, contraria os princípios constitucionais da dignidade humana, da proteção à vida e da igualdade de gênero. Considerada histórica, a decisão do STF pretende sepultar o uso desse argumento que, por longo período da história do Judiciário brasileiro, assegurou ao homem que matasse uma mulher - esposa, namorada, amante, ex-esposa, ex-namorada ou ex-amante – o direito à liberdade no Tribunal do Júri.

publicidade
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.

Os direitos constitucionais da amplitude da defesa do contraditório estão previstos na Constituição. Essa decisão do STF não muda os direitos do réu. Para proibir o uso da tese de legítima defesa da honra, teria que ser mudada a Constituição”, afirma o advogado de Apucarana (PR).

Com 42 anos de experiência na área criminal, ele esteve na defesa de um caso que ganhou o noticiário nacional. João Batista Cardoso defendeu o pedreiro João Lopes, conhecido como “Zé Pilintra, que assassinou a esposa e o amante dela em 1989. O homem foi assassinado com 15 facadas no antigo Hotel dos Viajantes, enquanto a mulher morreu ao levar três facadas quando corria nua pela rua para tentar salvar a própria vida.

O advogado lembra que “Zé Pilintra”, preso após o crime, foi absolvido por 5 votos a 2 no primeiro júri e libertado. O Ministério Público (MP-PR) apelou ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), em Curitiba, que, por unanimidade, manteve a decisão do júri de Apucarana, acatando a tese de legítima de defesa honra. A Procuradoria de Justiça do Paraná apresentou recurso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, que acatou o recurso em decisão apertada, por 3 votos a 2.

publicidade

“Desde antes nenhum advogado em processos com essa tese tinha conseguido votos favoráveis no STJ (com o uso da tese da legítima defesa da honra). Nem o processo da Ângela Diniz x Doca Street”, cita João Batista, lembrando o julgamento histórico do assassinato da socialite Ângela Diniz pelo empresário Doca Street, ocorrido em 1976. O assassino conseguiu também a liberdade no tribunal do júri com o argumento que teria agido em legítima defesa da honra e “matado por amor”, o que gerou repercussão nacional. Por determinação do STJ, ele foi a novo júri e condenado a 15 anos de prisão.

Após a derrota por 3 a 2 no Superior Tribunal de Justiça, um novo júri foi realizado em Apucarana com grande cobertura da imprensa e protestos de movimentos feministas. A atual deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) veio a Apucarana para protestar. “Entrei no corredor (do Fórum) sendo muito vaiado”, lembra. Por 6 a 1, o réu foi novamente absolvido e, segundo o advogado, de forma definitiva. “Ele foi absolvido terminantemente e saiu comigo do Fórum. Ficou em liberdade e veio morrer recentemente de covid-19 em Apucarana”, conta o advogado.

Segundo o defensor, o caso do réu “Zé Pilintra”, que foi julgado por dois homicídios triplamente qualificados, virou jurisprudência nacional para o uso da tese de legítima defesa da honra.

publicidade

João Batista admite que a sociedade mudou e que as novas leis vão se adaptando a conceitos e comportamentos. “Mas ainda creio que, em situações especiais e diferenciadas, os processos e julgamentos também devem ser adaptados caso a caso”, diz.

Ele defende ainda, portanto, o uso da tese de legítima defesa da honra. “A violenta emoção após injusta provocação da própria vítima pode, em muitos casos, tornar um caso e delito privilegiado com grande diminuição de pena”, afirma, acrescentando: "Quem deve decidir sobre se há a legítima defesa da honra ou não são os jurados".

Segundo ele, o acusado tem direito à ampla defesa. “E a amplitude da defesa não pode ser tolhida ou cessada por uma decisão de um tribunal, porque a Constituição lhe garante isso. A Constituição é lei maior. Essa decisão do STF não muda a Constituição brasileira quanto à amplitude de defesa e ao contraditório. Essa decisão do STF, que é o guardião da Constituição, é inconstitucional, porque fere dispositivos constitucionais, quanto ao contraditório e à amplitude de defesa”, completa.

publicidade

Por Fernando Klein

Gostou da matéria? Compartilhe!

Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no WhatsApp Compartilhar no Email

Últimas em Apucarana

publicidade

Mais lidas no TNOnline

publicidade

Últimas do TNOnline