Por 17 anos, Apucarana conviveu com graves problemas no abastecimento de energia elétrica. O “problema energético”, como foi batizado pelos pioneiros, gerou uma mobilização de lideranças da cidade, encabeçadas pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Apucarana (Acia), até que houvesse uma solução.
Nos primeiros anos após a fundação do povoado de Apucarana, em 1934, a luz vinha do lampião Petromax ou da lamparina. Com o crescimento da cidade, o descontentamento entre os pioneiros começou a crescer.
Em 1944, a prefeitura adquiriu um locomóvel, uma máquina a vapor sobre rodas que gerava energia elétrica. No entanto, o município ganhava cerca de 20 casas por dia e esse sistema rudimentar logo se mostrou completamente insuficiente.
Não existia ainda um sistema de energia elétrica, mas apenas algumas subsidiárias de companhias estrangeiras instaladas em São Paulo e, a mais próxima, em Londrina, com qual a Prefeitura chegou a firmar um convênio em 1945. No entanto, o problema continuava, porque o sistema deixava a cidade às escuras e também impedia a instalação de indústrias.
A empresa de Londrina prometia resolver o problema com a construção da usina do Salto do Apucaraninha, mas o problema da energia irritava a população e as autoridades, que queriam uma solução imediata.
Um conjunto diesel de 1.200 HP foi cedido para o município para amenizar a situação até a inauguração da usina. Enquanto isso, as autoridades reivindicavam junto ao governo estadual a criação da Empresa Diesel Elétrica do Vale do Ivaí, que acabou se concretizando em 20 de março de 1949. (Leia mais sobre essa usina abaixo)
A geração de energia era feita a partir de motores acionados a óleo. O problema continuou, porque o sistema era desligado por volta da meia-noite (algumas vezes até antes), irritando a população. Inúmeros foram os protestos, até porque o serviço era de má qualidade e caro.
A Copel surgiu em 1954 e os protestos continuaram, sem uma solução para o "problema energético". A Acia assumiu o comando da mobilização em prol de uma solução, com inúmeros telegramas ao então governador Bento Munhoz da Rocha e sucessivas reuniões.
O pedido principal era a instalação de uma linha da Usina Salto Grande (SP) para atender Apucarana. O governo estadual fez sucessivas promessas de resolver o problema. Associações comerciais de todo Norte do Paraná se uniram na reivindicação, já que a questão da energia era um problema comum.
Foram 17 anos de luta do município até que a solução ocorresse, finalmente, em 18 de setembro de 1961, quando Apucarana foi contemplada com uma cota da usina de Santo Grande. A chegada das linhas de transmissão foi motivo de festa. A população comemorou o desligamento dos antigos motores da Usina Diesel Elétrica Vale do Ivaí.
PRIMEIRA USINA
Inaugurada em 22 de março de 1949, a Empresa Hidro Elétrica do Vale do Ivaí instalou a primeira Usina Termoelétrica do município. Movida por um motor diesel elétrico de 1,8 mil kg e com potência total de 1.200 HP, o empreendimento foi responsável pelo abastecimento de energia elétrica de Apucarana, Cambira, Jandaia do Sul, Mandaguari, Marialva e Maringá até 1961.
A pedra fundamental da usina foi lançada em 26 de dezembro de 1948. Além da sede da empresa, o projeto compreendeu a construção de 30 quilômetros de linhas de transmissão de 11 mil volts, 3 km de linhas de distribuição urbana de alta tensão, 26 km de linhas de distribuição de baixa tensão, duas subestações e 16 cabines aéreas de transformação com a potência total de 800 KVA (quilovolt-ampere). Na época, o investimento total foi de 6 milhões de cruzeiros, sendo 4 milhões do governo estadual e 2 milhões divididos entre as prefeituras de Apucarana e Mandaguari.
Após sua desativação, a sede da Empresa Hidro Elétrica do Vale do Ivaí ficou sob posse da Copel até 2019. Com a desocupação, a Prefeitura manifestou interesse em adquirir o local por conta da sua importância histórica, o que ocorreu formalmente em outubro de 2021, com a incorporação do imóvel ao patrimônio do município.
Fonte: Apucarana em prosa e verso, do historiador e escritor Francisco Soares Dias Sobrinho, e www.visiteapucarana.com.br)
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