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Zé Leôncio de 'Pantanal', Marcos Palmeira investe em fazenda orgânica

Sentado ao lado do pai, Joventino fala sobre extremos climáticos, sustentabilidade e que chegou a hora de levar para a fazenda o sistema de produção em agroflorestas. Zé Leôncio responde que isso é um enrosco maior do que um Leôncio pode lidar. "E dois Le

Emílio Sant'Anna (via Agência Estado)

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Escrito por Emílio Sant'Anna (via Agência Estado)
Publicado em 19.07.2022, 07:00:00 Editado em 19.07.2022, 07:07:36
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Sentado ao lado do pai, Joventino fala sobre extremos climáticos, sustentabilidade e que chegou a hora de levar para a fazenda o sistema de produção em agroflorestas. Zé Leôncio responde que isso é um enrosco maior do que um Leôncio pode lidar. "E dois Leôncios?", brinca o filho.

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Além de diálogos como esse, a novela Pantanal usou imagens reais de incêndios no bioma. Os 32 anos que separam a versão original, na TV Manchete, e o remake, na Globo, revelam o avanço do debate ambiental no Brasil.

"A diferença é perceptível da primeira temporada para essa. Era uma época de cheias. Agora está numa época de mais de dois anos de seca constante, com queimadas violentas todos os anos. É muito clara a presença do homem e a sua interferência empobrecendo o bioma", disse ao Estadão o ator Marcos Palmeira. Na produção original, de 1990, ele era Tadeu, filho de Zé Leôncio, agora é o próprio protagonista. Dez anos antes da primeira exibição da novela, Palmeira já havia passado dois meses na aldeia Xavante de São Pedro (MT), onde recebeu o de Tsiwari, ou "o Filho Valente".

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Dois anos depois, se aventurou por 30 dias entre os Arara, no Pará, ao lado do fotógrafo Luís Carlos Saldanha, que fazia um documentário. Na viagem, se descobriu ator. A experiência, conta Palmeira trouxe "o entendimento da importância que as comunidades indígenas têm no Brasil como um todo, e que valorizamos pouco".

Vinte e cinco anos depois, Palmeira retornou a Mato Grosso para o documentário Expedição AUwe - A volta de Tsiwari. Àquela altura, em 2004, já era também agricultor, dono de uma fazenda de 200 hectares em Teresópolis, Região Serrana do Rio. Comprada em meados dos anos 1990, a propriedade é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e também produtora orgânica certificada de queijo, iogurte, laticínios, mel, chocolate, café e hortaliças. Tudo cum uma marca que leva seu sobrenome e seu rosto.

PRODUTOR

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"Como produtor rural, quando fui trabalhar com a agricultura orgânica, entendi o que significa a palavra sustentabilidade, agrofloresta, biodinâmica, permacultura", conta Palmeira, hoje com 58 anos. "Foi aí que entendi esse maravilhoso mundo dos orgânicos, da minha experiência com a fazenda, de uma situação muito simples, quando descobri que um funcionário não comia aquilo que ele estava plantando. Aí as fichas todas caíram e entendi o que era aquele agrotóxico."

Na semana em que as cenas de incêndios reais no Pantanal foram ao ar, os 29 pontos de audiência da novela equivalem a dizer que a mensagem atingiu mais de 20 milhões de pessoas, ou quase 10% da população brasileira. Fora o alcance na internet. Em tempos de streaming e mudanças nos hábitos de consumo de teledramaturgia, a produção repetiu o fenômeno de outras novelas que marcaram época ao influenciar a opinião pública e refletir sobre a realidade.

Desse processo, chamado de merchandising social, já lançaram mão autores como Manoel Carlos e Glória Perez. Na década de 1990, com depoimentos reais, Explode Coração, por exemplo, levou para a TV o drama das mães de filhos desaparecidos.

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Pesquisadora de teledramaturgia e doutora em Comunicação, Adriana Coca reflete sobre o alcance e o poder dessas mensagens. "A telenovela é uma matriz cultural da América Latina, a TV dialoga com muita gente", afirma. "Imagine o impulso que a questão das crianças desaparecidas teve depois da novela da Glória Perez." Para o biólogo e diretor do Instituto SOS Pantanal, Gustavo Figueiroa, o merchandising social da novela tem resultados imediatos. Quanto a nascer daí uma mudança, ele é menos confiante. "Temos visto problemas em nível federal e estadual que afetam o Pantanal. Acredito em mudanças, mas não por enquanto".

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