MAIS LIDAS
VER TODOS

Cotidiano

Cirurgião suspeito de cárcere privado já foi alvo de outras investigações

O cirurgião plástico equatoriano Bolívar Guerrero Silva, de 63 anos, foi preso ontem pela Polícia Civil do Rio sob a acusação de manter uma paciente em cárcere privado dentro de um hospital particular em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A vítima di

Roberta Jansen e João Ker (via Agência Estado)

·
Escrito por Roberta Jansen e João Ker (via Agência Estado)
Publicado em 18.07.2022, 22:12:00 Editado em 18.07.2022, 22:19:14
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

O cirurgião plástico equatoriano Bolívar Guerrero Silva, de 63 anos, foi preso ontem pela Polícia Civil do Rio sob a acusação de manter uma paciente em cárcere privado dentro de um hospital particular em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A vítima diz que estava sendo mantida contra a vontade no local nos últimos dois meses, o que é negado pelo médico e pelo Hospital Santa Branca.

continua após publicidade

Segundo a família da paciente, ela se submeteu a uma abdominoplastia (uma plástica no abdômen) em março com o cirurgião. Alguns dias depois da cirurgia, com dores, a mulher voltou a procurar o médico. Desde então, ela já teria sido submetida a vários outros procedimentos.

Após a denúncia, a polícia requisitou à clínica o prontuário médico da paciente e não foi atendida. Na última sexta-feira, policiais estiveram no hospital e enfrentaram dificuldades para ter acesso à paciente. Quando conseguiram vê-la, constataram as péssimas condições de saúde da mulher, de 35 anos.

continua após publicidade

"Ela relatou dificuldades, que não estava conseguindo sair do hospital. Por conta disso, representamos no Plantão Judiciário pela transferência dela, prisão temporária do autor e suspensão do CRM (registro do profissional médico que confere legalidade à atuação)", disse, em entrevista à Rede Globo, a delegada Fernanda Fernandes. A policial afirmou que a barriga da paciente estaria necrosada.

No último sábado, a Justiça decretou a prisão do médico e a suspensão temporária de seu registro profissional. Também expediu mandados de condução coercitiva de quatro funcionários do hospital, além de mandados de busca e apreensão de documentos, como prontuários e lista de medicamentos utilizados no tratamento.

REAÇÃO

continua após publicidade

Em nota, o Hospital Santa Branca negou as acusações de cárcere privado. "Repudiamos quaisquer práticas criminosas que nos foram indevidamente atribuídas! Tal acusação é absurda!" A nota esclarece ainda que o médico não seria sócio do hospital, como a polícia informou, e que arcou pessoalmente com as despesas da paciente.

A advogada Louisiana dos Santos Juliasse de Barros, que defende o médico, disse ao Estadão que não daria entrevistas. Bolívar Guerrrero Silva já teria sido preso outras cinco vezes, de acordo com informações preliminares que não foram esclarecidas pela polícia.

Na página do médico no Facebook, mulheres alertam para o risco de se submeter a cirurgias plásticas com ele. Em outra rede social, funcionários tentavam angariar apoio ao médico, com relatos de procedimentos bem sucedidos.

continua após publicidade

O profissional prestou depoimento na tarde desta segunda. À polícia, ele negou que estivesse mantendo a mulher em cárcere privado. Segundo ele, a alta médica não era recomendada no caso dela e só poderia ser feita à revelia, ou seja, quando o paciente assina um termo de responsabilidade, o que a paciente não teria feito. Até o fim da tarde, ela não tinha sido transferida.

QUEIXAS

continua após publicidade

Na tarde de ontem, pelo menos quatro mulheres se apresentaram à Deam para prestar queixa do médico.

O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) soltou uma curta nota no fim da tarde de ontem sobre o caso: "Tendo conhecimento do caso pela imprensa, o Cremerj abriu sindicância para apurar os fatos. Todo procedimento segue em sigilo de acordo com os ritos do Código de Processo Ético-Profissional".

Outras investigações da Polícia

continua após publicidade

O cirurgião plástico Bolívar Guerrero Silva já foi suspenso de praticar a medicina em dezembro do ano passado. A punição foi concedida pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), por ter entendido que o profissional violou uma série de artigos do Código de Ética Médica.

A notificação foi publicada em 21 de dezembro de 2021 e suspendia Silva de praticar a profissão até o dia 19 do mês seguinte. Segundo o Cremerj, ele infringiu cinco artigos do código de ética aprovado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Outra justificativa dada pelo Cremerj para a suspensão foi a violação do artigo 69, que proíbe "exercer simultaneamente a Medicina e a Farmácia" ou "obter vantagem pelo encaminhamento de procedimentos, pela comercialização de medicamentos, órteses, próteses ou implantes de qualquer natureza".

continua após publicidade

Apesar das infrações, o perfil de Bolívar Guerrero Silva aparecia com situação "regular" no site do Conselho Federal de Medicina nesta segunda. Segundo o cadastro, ele teria começado a exercer a profissão no Brasil em 1996.

Em 2010, Bolívar e outros oito médicos foram presos na operação Beleza Pura, da Polícia Civil do Rio, após uma denúncia feita pelo Ministério Público do Estado por "falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins medicinais". No processo, o grupo também respondeu por "associação criminosa" e "crimes contra as relações de consumo".

À época, o grupo respondeu pela comercialização de medicamentos piratas e sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Entre os produtos apreendidos, foram encontradas grandes quantidades da toxina botulínica (Botox), gliconato hidrostático de magnésio (Carboxi), polimetilmetacrilato e ácido hialurônico.

DEFESA

Em um vídeo, uma funcionária se declarou como a responsável por administrar os canais online do profissional e implorou para que todas as "bolivetes" publicassem relatos positivos sobre ele.

"É muita maldade, ruindade. Estas mulheres já acostumaram a ganhar dinheiro nas costas dele", diz um trecho. "Peço a todas que ajude e não deixe que mais uma detone o nosso querido Boliva", escreveu. A reportagem não conseguiu contato com a defesa.

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Cotidiano

    Deixe seu comentário sobre: "Cirurgião suspeito de cárcere privado já foi alvo de outras investigações"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!